Seek!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Eu esqueci o que é amar.

     E, eu que já amei tanto que amei pelos outros, esqueci o que é amar. E não me diga que o amor são as pequenas coisas, ou que é fazer a gente se doar. Não me diga que o amor são os detalhes, que ele nos faz perder o ar, porque eu sei melhor que ninguém o que eu senti, o que eu vivi, o que eu vi. E do que eu esqueci. Do que eu desisti. Tudo sempre começa para cada "eu", e não venha me dizer que você acha que o meu "eu" é triste, feliz, alegre, animado. Você não sabe como é viver a minha vida de hiatos. Você não sabe como é não saber quem você é, o médico ou o monstro. Você não sabe como é viver olhando para cada segundo desejando que fosse o último antes de você se encontrar, depois de ver tudo que você sempre defendeu desmoronar. E você não sabe como é viver sem saber se quer reerguer o seu castelo, com medo de que ele caia de novo e não exista ninguém para te ajudar a pegar os cacos de seus mosaicos no chão. Não foi você que, sendo cego, que levou uma flechada de um cupido megalomaníaco qualquer, então não me diga que tudo vai melhorar, que tudo vai ficar bem. Não me diga que não tem problema se esquecer o que é amar. Eu não consigo mais. Não consigo mais me olhar no espelho e sorrir para mim mesmo, depois de ter tido que me esconder atrás de copos e mais copos de cerveja ou de outra bebida qualquer, de letras de músicas que não são minhas, com vozes que não são a minha, olhando mulheres que não serão a minha. Você não sabe como é ver todo jogo da sedução, que sempre te animou tanto, virar uma coisa sem graça e banal, que te dá preguiça por você saber que, não importa o que aconteça, não vai te completar. Você não sabe como é a vida depois de que se esquece o que é amar.
     Espaço! Me dê espaço para que eu possa respirar enquanto eu tento achar uma lágrima que dê ao menos algum brilho para minha escuridão. Você que não sabe o que é segurar mãos por costume, e não por prazer, não pode me dizer como a vida é difícil.Você que ainda sente frios na espinha quando vê alguma pessoa especial não sabe como é ser assim. Como é esperar o sorriso sincero, a palavra final, o silêncio constrangedor, a proximidade da boca e o calor da respiração? Nem lembro mais. As coisas ficam automáticas, como comer para não morrer de fome, beber para não morrer de sede? Prazer, sim, claro, mas não satisfação. Você que se sente completo não pode dizer que sabe o que eu sinto. Eu esqueci o que é amar.

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